"A culpa é da mãe"...

Pobres mães, acabam sempre levando a culpa!

É comum ouvirmos essa referencia: "a culpa é da mãe"! Uma influência do que eu chamo de "psicologismo": a tendência a querer explicar e justificar seus problemas emocionais à luz de uma psicologia pouco estudada.

São pessoas que chegam ao consultório já "cientes" da causa de seus problemas. Justificam as suas dificuldades alegando algum fato do qual, muitas vezes, nem se recordam, mas citam porque ouviram falar.

A psicanálise trouxe grande contribuição ao estudo das neuroses quando revelou a importância do relacionamento da mãe com a criança, dos pais, enquanto casal, do clima familiar à época etc.

Há estudos mais recentes apontando a qualidade da vida intra-uterina e até as condições do parto como fatores fundamentais na formação do psiquismo.

Não raro recebo pessoas no consultório com esse discurso, explicando e justificando todas as suas dificuldades, reportando-se à mãe!

Não é por acaso que, quando se tem algum desafeto, julga-se a mãe do sujeito!

Mas, até que ponto isso é verdadeiro?

De fato, é inegável que a relação mãe-filho(a) é fundamental na posterior saúde emocional da criança.

Mas o que eu desejo abordar nesse artigo é o fato de se utilizar esses dados e fatos como uma defesa que dificulta e até mesmo impede o processo de superação dessas dificuldades.

Os fatos relatados são utilizados para justificar suas condutas e dificuldades: "Eu sou assim e tal, porque quando criança aconteceu tal e tal coisa comigo", é um exemplo.

Ora, se os fatos citados tornaram-se conscientes, porque então não se resolvem os problemas?

A questão é que, em primeiro lugar, é preciso que aconteça um "insight". Ou seja, é necessário aquele "estalo luminoso" que realmente revela e faz a conexão das dificuldades vividas com fatos da história de vida.

É voltar ao tempo e ressignificar as vivências do passado!

Mas para que isso aconteça, é necessária uma abertura, uma disposição para a mudança! É preciso querer mudar, consciente e inconscientemente.

É imprescindível assumir o seu lado oculto, seus desejos inconscientes, sua sombra!

Necessário se faz mudar a atitude diante da vida, sair da posição de vítima e assumir as rédeas de seu próprio destino.

Saber que, se aconteceu como não gostaria que tivesse acontecido, hoje, adulto, pode colocar-se no lugar dos pais, numa atitude de empatia, entendendo seus motivos e dificuldades também. Muitas vezes esse adulto que reclama tem idade superior a de seus pais quando ele nasceu.

Buscar um sentido e significado para a sua vida, superando assim mágoas do passado. Um caminho para o crescimento, para a transformação de si mesmo e da realidade ao seu redor.

Um caminho da realização do Eu Interior!






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