Em busca de Si Mesmo



A maioria das pessoas, quando busca uma ajuda terapêutica, apresenta queixas relativas aos seus papéis sociais. São queixas sobre dificuldades de relacionamento afetivo, no trabalho, dificuldades com filhos etc. Outros só procuram ajuda quando seu corpo já apresenta sintomas de quadros psicossomáticos, indicados pela área médica. Há aqueles, mais raros, que buscam ajuda conscientes de quadro depressivo, com queixas de solidão, questionamentos existenciais, com objetivo de se conhecerem melhor.


Quando chegam ao psicoterapeuta ou analista, geralmente estas são as queixas mais frequentes. São queixas relacionadas a sua persona, aos seus papéis sociais, de filhos, esposos, namorados, pais, trabalhadores. Dificuldades de se relacionar! Queixas que levam o indivíduo a buscar ajuda. Queixas que, adequadamente orientadas, muitas vezes resolvem-se nos primeiros meses do processo.

No entanto, na visão da Psicologia Profunda, estes são apenas caminhos para que o indivíduo inicie a sua jornada em busca de Si Mesmo!

O objetivo da análise de foco junguiano é a individuação!

Individuação é o processo em que nos tornamos cada vez mais quem realmente somos.

Nascemos com potencial para nos desenvolvermos! Cada indivíduo possui a semente, características potenciais para realizar seu projeto de vida. Na visão da Psicologica Arquetípica, nascemos com uma missão. Mas não temos consciência plena de nossos objetivos no início dessa jornada. Aos poucos, no processo de auto-conhecimento propiciado pela análise, vamos nos descobrindo, montando o quebra-cabeça de nossas vidas. Aos poucos vamos tomando contato com nossos processos inconscientes, integrando os arquétipos, em direção ao Self.

O primeiro arquétipo que surge, nesse processo, é o arquétipo da Sombra. A Sombra é fruto de todo material que foi reprimido. Aceitar o nosso lado sombrio nos leva ao caminho da descoberta de nosso lado luminoso!

Nesse processo, também nos deparamos com com o animus, as mulheres, e a anima, os homens, a integração do masculino e feminino, que levam ao Self, o centro de nosso psiquismo, a nossa Centelha Divina.

Para a psicologia analítica, esse processo é demorado. Geralmente, leva praticamente uma vida inteira. Não necessariamente é preciso estar em análise durante todo esse tempo. Mas o processo de análise, acompanhado por um profissional qualificado e experiente, leva o indivíduo a aprender a se conhecer através de seus sonhos, da abertura para esse novo paradigma em sua vida, do aprender a estar atento aos sinais de sincronicidade, a buscar constantemente a busca do significado de sua vida!

Uma caminhada que, muitas vezes, é iniciada com alguma dificuldade que surge em nossa vida consciente, ou algum sintoma somático ou apenas uma angustia existencial, que nos leva intuitivamente a sentir esse desejo de buscar o Si mesmo, buscar o real significado e objetivo de nossa vida!

Uma caminhada às vezes longa e que percorre caminhos ocultos. É como entrar numa caverna escura, tendo ao lado o analista, que dá suporte e ajuda a jogar luz onde é preciso. Uma caminhada para aqueles que se sentem diferenciados, cuja alma não sossega enquanto não se encontrar. Um caminho que ao final propicia a paz do encontro e da integração de Si mesmo! Um processo em busca da paz e satisfação!

É como encontrar-se num oásis dentro da própria caverna.

É entender a que veio neste mundo!

É alcançar a plena realização!



Texto de autoria de Dulcinéa Cassis, publicado no Guia Lotus de agosto/2014


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