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Mostrando postagens de 2008

COMEÇAR DE NOVO

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Cada ano que finda é mais uma página virada em nossas vidas! É um tempo em que se aproveita para fazer reflexões sobre o que se passou. É tempo de fazer promessas que nem sempre serão cumpridas. É tempo de avaliar, reavaliar, repensar, planejar. É tempo de pensar quão depressa passa a vida.É tempo de fazer contas, ou não... é tempo de viajar, de tirar férias. É tempo de festa e de comilança.... É tempo de ritual: branco ou outras cores que signifiquem aquilo que se quer realizar. É tempo de tomar banho de cheiro, de arruda – para dar sorte –, de comer lentilha, para ganhar dinheiro. Cresci, como neta de libaneses, tomando uma tradicional sopa de lentilhas. Receita de família. Receita da minha avó! Um dia a família ficou sabendo que comer lentilha na passagem de ano trazia sorte e dinheiro.... Como nós já gostávamos mesmo da tal sopa de lentilhas, a família passou a comemorar sempre com a sopa. Virou tradição! Se desse mesmo certo, acho que eu e todos da família já estaríamos ricos....A

Ainda, o NATAL!

Hoje é NATAL! Recebi ontem esta linda mensagem de Natal do amigo Aldo Fagundes, que autorizou a sua publicação. Muitos leitores até hoje comentam pessoalmente a mensagem do mesmo autor, publicada no Natal de 2007. Que esta possa mais uma vez nos inspirar! NATAL Natal é o tema desta hora. A gruta de Belém. A Manjedoura. O momento especial onde Deus invadiu a História, ao nascer como uma criança. Dos textos bíblicos reacionados com o Natal, destaco dois: Isaias 11 e Lucas 2. Tão bonitos, na singeleza, na simplicidade, na ingenuidade até da descrição. O Profeta fala de um renovo que há de vicejar de um tronco.Tudo se foi ou tudo passou. Está só o tronco, mas do que sobrou Deus faz nascer um renovo, como um sopro de primavera, cheio de vida e de flores. Este renovo, na palavra do Evangelista é a Encarnação. O Menino de Belém é a gloriosa Promessa. É a misericórdia de Deus. É a compaixão de Deus. é a oblata de Deus. Neste final de ano, com gratidão a Deus pelas bênçãos recebidas, procurei u

O MENINO-DEUS

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Poderia ser uma mulher como outra qualquer... Poderia ser uma cidade como outra qualquer... Poderia ser um berço qualquer... Mas foi de uma mulher escolhida por Deus, em condições especiais, que nasceu um menino diferente! O Menino-Deus! Deus que se fez humano, que habitou entre nós! Que mesmo sendo Deus, viveu como homem! Um homem comum, como outro qualquer! Com os mesmos desejos e medos. Com as mesmas emoções! Ele veio com uma missão especial: nasceu para morrer! Morreu para renascer... e fazer nascer dentro de cada um de nós, a possibilidade de nos eternizar!

O MELHOR PRESENTE DE NATAL

Mais uma vez, chegou o Natal! O Natal tão comemorado pelas crianças! O Natal tão comemorado nas famílias e nas igrejas! Mas quem mais comemora atualmente o Natal é o comércio! Natal é tempo de festa, de alegria! Mas também é tempo de luto e de tristeza... O que para muitos é alegria, é reunião de família, é troca de presentes, para muitos outros também é motivo de tristeza, é motivo para entrar em contato mais profundo com a amarga solidão. É tempo de lembrar as pessoas queridas que se foram. È tempo dos casais separados disputarem a presença dos filhos em suas comemorações. É tempo de casais discutirem sobre a agenda das festas. A agenda vai virando um eterno motivo de conflitos. Os casais “têm que” dar atenção para a família de ambos. E aí família não significa a família nuclear (pai, mãe e irmãos) de cada um dos cônjuges. Família de Natal é a grande família: inclui avós, tios e primos de ambos. A agenda fica cheia. Pior ainda quando o casal se separa, pois os filhos são solicitados,

QUE LIVRO É ESSE?

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“Tem Bíblia com cantor?” A pergunta foi feita por uma senhora que acabara de entrar na loja da Sociedade Bíblica, onde eu trabalhava. Era o ano de 1973. A loja ficava no Edifício da Bíblia, um gracioso prédio na avenida L2 norte, em Brasília. Aquele era praticamente o meu primeiro emprego entre os 18 e 19 anos de idade. Eu gostava de receber as pessoas que iam lá comprar Bíblias e outras publicações da SBB. Eu gostava de identificar, pela forma de se vestirem, pela linguagem que utilizavam, pelo “jeito da pessoa”, qual a igreja que freqüentavam. A senhora que perguntara sobre a “Bíblia com Cantor,” estava à procura da Bíblia em que tinha acoplado o Hinário Cantor Cristão. Provavelmente ela era da Igreja Batista, que utiliza até hoje esse hinário. Havia também aqueles que procuravam a Bíblia com Harpa Cristã. Esses se vestiam com roupas mais comportadas e as mulheres tinham o cabelo comprido. Eram da Assembléia de Deus. Além de gostar de vender Bíblias, eu gostava de conversar com aquel

O TEMPO VIROU...

Outro dia uma leitora do Blog comentou a crônica "E A PRIMA VERA SE FOI". Disse-me que gostou, mas achou o final triste, por eu ter escrito que "a primavera da minha vida se foi". Achei interessante, mas ao mesmo tempo estranho ela ter feito esse comentário. Estranho porque para mim é natural a passagem do tempo e da vida. Disse a ela que, realmente, a primavera da minha vida se foi. Já não é mais tempo de desabrochar em flor. Já se foi o tempo do viço da juventude. Agora, disse-lhe, eu vivo um outro momento. O momento do outono. Outono é a época de se colher os frutos do que se plantou. Compartilho essa experiência e esse pensamento porque tenho visto pessoas inconformadas com a passagem do tempo. O aparecimento das primeiras rugas já é motivo para usar botox. As segundas prenunciam o tempo de cair na realidade do tempo que passou. São pessoas que não viveram suficientemente o passado, a primavera e o verão de suas vidas. Não viveram talvez por pensar demasiadament

“EM TUDO DAI GRAÇAS”

Hoje é Dia de Ação de Graças! Aqui no Brasil quase não se comemora o Dia de Ação de Graças! Seria por que o comércio não tem interesse? Com o Natal é diferente. Quando termina a semana da criança, o comércio já prepara as vitrines para o Natal. Dessa forma ninguém se esquece, pois as crianças já começam a fazer suas listas com tudo aquilo que pensam que precisam. Nos tempos de antigamente, sem querer ser saudosista, tudo era mais simples. Até os presentes que as crianças pediam eram mais baratos. Hoje, com tantas atrações tecnológicas, fica difícil fugir do desejo de ter tudo aquilo que sai de novidade. Mal compramos um celular último tipo e é lançado um novo com mais recursos. São os brinquedos de gente grande: smartphones, notebooks, câmeras digitais, TVs LCD e por aí vai.... As necessidades passam a ser criadas a partir do desejo de obtê-las e não das condições para que elas serviriam. Quando queremos ter aquele "brinquedo novo", nós, adultos, muitas vezes, sem ter consc

NADA ACONTECE POR ACASO...

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A história começou assim: no início deste blog, um dia publiquei uma crônica intitulada "Cada um carregue (somente) sua mochila" . Foi uma crônica que marcou. Muitos leitores comentam até hoje sobre a metáfora. Muita gente passou a ficar mais atenta a seu processo, a não ficar carregando aquilo que não é seu. Ou seja, a não ficar se preocupando com coisas com as quais não precisa se preocupar. Não ir além de seu papel. Quando fazemos mais do que nos cabe nesta vida, acabamos deixando o outro acomodado, tiramos a oportunidade do outro cuidar de suas próprias coisas. Impedimos o outro de crescer. Como eu utilizei o exemplo do Caminho de Santiago, pesquisei na web, encontrei e publiquei uma foto de um rapaz no tal Caminho, com a sua mochila nas costas. Pois bem! Ontem recebi um e-mail que muito me alegrou: o dono da foto, navegando na internet encontrou no meu blog a foto que ele havia tirado quando fez a Caminhada. Ele me escreveu dizendo que ficou contente pela publicação. E e

A PRIMA VERA SE FOI

Outro dia, num desses almoços de família, minha mãe, que já passou dos 80, falou assim, na maior naturalidade, como se estivesse contando que a empregada foi lá na esquina: "a sua prima Vera morreu..." A notícia bateu no meu estômago, quicou, foi até à cabeça, desceu, quicou no joelho e foi se alojar no meu coração. Meu coração não se conteve e pediu ajuda para os meus olhos que começaram a chorar... Minha mãe, então, percebendo o impacto daquela notícia, que ela achava sem importância para mim, comentou: "ah!!! ela tinha a sua idade, né?" Eu ando achando que, para quem já está no início da fila de entrada pro céu, essas notícias sobre morte vão ficando tão freqüentes que, de tão corriqueiras, vão ficando banais... "-Sabe quem morreu? Fulano..." - "Ah é?... de que?".... Bom, dependendo de quem deu a notícia, a explicação é detalhada, contando tim-tim-por-tim-tim desde os primeiros sintomas até a hora em que o coração parou de bater. Há um sentime

FELICIDADE "AO QUADRADO"

Ao receber a notícia, ela chorou! Não era um choro de tristeza! Não era um choro de alegria! O filho anunciara que ia se casar. Para ela, mais do que novidade, era um desejo. Já esperara muito por aquela notícia, mas naquele dia a notícia a surpreendeu. Era um misto de surpresa pois, de tanto esperar, já havia desistido de esperar. Às vezes, quando a espera parece longa, é melhor parar de esperar. É melhor desistir daquilo que se espera. É melhor deixar o destino decidir. O seu filho iria se casar! O filho adulto já saíra de casa há muitos anos... não era a separação o motivo do choro. Muitas mães, e não são poucas, ressentem-se ao se casarem os filhos homens. Esquecem-se que o cordão já se rompeu no parto e que há muito o leite secou. Daí, talvez, a folclórica implicância de sogras e noras, pela disputa do filho/homem. O filho, quando já é homem, precisa deixar o seio materno para se entregar ao seio da mulher amada. Não o seio do alimento, mas também o seio do prazer. O choro daquela

FELICIDADE

O que é felicidade para você? A pergunta, dirigida a todos os presentes, aconteceu não em uma igreja, nem em uma sessão de terapia, muito menos em algum curso de auto-ajuda. Era um grupo de amigos que passavam juntos um fim de semana. Lá pelas tantas cervejas e algumas horas, o mais etílico de todos, emocionado com a alegria da convivência entre amigos, propôs aquele tipo de "dinâmica de grupo". Todos deveriam definir o que significava felicidade. Para uns era a busca, para outros o encontro. Podia ser intenção, ou um estado permanente. Um momento? Ou a sequência de momentos? Seria estar só? Seria estar com os outros? Seria estar com pessoas que a gente gosta? Seria encontro por acaso? Seria um convite inesperado? Seria apenas uma idéia? Enquanto as opiniões se sucediam, falando cada um de si, de como sentiam aquele momento que parecia mágico, meus pensamentos viajaram por minha vida, pelos inúmeros momentos que passei em companhia de amigos e pessoas queridas. Nas viagens qu

“MALINTENDIDO”

Era uma aula de dança de salão. Ele já estava de olho nela. No seu jeito cândido de dançar. No seu jeito macio de rebolar. Naquele dia conseguiu se aproximar, apesar das tentativas evasivas que ele não percebera. Foi chegando perto, puxando-a para junto de si. Ela tentava manter a distância conveniente àquele contexto e lugar, mas ele parecia - ou queria – não perceber. Foi puxando uma conversa macia, dizendo como ele, que era mulato, gostava de mulheres loiras como ela. "E você? - perguntava ele - Gosta de mulato?". "Para mim não é isso que importa" - ela respondeu. Para ela, a porta de entrada para um relacionamento mais íntimo não era necessariamente a atração física. Por isso, não era a aparência que contava. Podia ser branco ou negro, alto ou baixo, feio ou bonito. Para ela, o amor nasce na alma. O amor nasce de dentro e vai para fora. O amor nasce sem padrão nem explicação. Ele, no entanto, entendeu aquela resposta ao seu próprio modo. Entendeu que ela estava

VOCÊ GOSTA DE AMORA?

Foi só na segunda volta na superquadra, em minha caminhada matinal, que percebi o pé de amora carregadinho de amoras bem pretinhas, no ponto de serem saboreadas. Esqueci por um momento mágico todas as recomendações de médicos e educadores físicos e parei ali, prostrada diante daquele altar natural. A contemplação da natureza e de suas maravilhas nos faz estar mais perto de Deus e de nós mesmos. No instante seguinte me vi colhendo e saboreando os pequenos frutos adocicados. Os frutos vermelhos, ainda ácidos para o meu paladar, eram visíveis, fáceis de serem encontrados. Mas para achar os frutos mais saborosos, era preciso atenção, pois confundiam-se com os galhos e se posicionavam estrategicamente nos lugares de mais difícil acesso, como que se protegendo das investidas de caminhantes ávidos como eu. Mas eu insistia e, perseverante, os encontrava para o meu deleite. Quando em determinada posição não conseguia mais achá-los, bastava uma pequena mudança de ângulo e lá estavam eles à minha

BEM-ME-QUER, MAL-ME-QUER

No meu tempo de adolescência - e olha que já se vão alguns anos - nós tínhamos um costume que hoje já não sei se existe ainda. As meninas apaixonadas, querendo saber se podiam nutrir esperanças, despetalavam uma flor. Como no sistema binário que hoje determina e facilita quase toda a comunicação virtual, alternavam-se as opções: mal-me-quer, bem-me-quer. Na época em que tudo era sonho e ilusão, só interessava saber se o "moço" a queria, ou não. Hoje os tempos mudaram. Os meios de comunicação se sofisticaram, mas o jeito de amar parece que não mudou. Ainda há falas não faladas, gestos dúbios que deixam dúvidas sobre os seus significados. Fica o não dito, pelo dito. É a ligação que não é atendida, o e-mail indireto, o fingir que nada está acontecendo. O olhar não olhado, a palavra vazia! O diálogo mudo, dúbio, de corpos que falam o que palavras não conseguem ou não querem dizer. E não dizem para não se comprometer, pois palavra tem força de fazer acontecer! Palavra que nos temp

O NÃO DITO, PELO DITO

Há um velho ditado: "O dito, pelo não dito", referindo-se àquelas coisas que dizemos e depois desmentimos. Mas há também assuntos sobre os quais precisaríamos conversar e não o fazemos. Não gostamos de falar sobre quem somos, pois isso ameaça o nosso desejo de sermos amados. Não gostamos de falar daquilo que pode fazer o outro pensar mal da gente: aspectos que revelam o que realmente somos e que não queríamos ser. Não gostamos de falar a verdade. Temos medo de dizer o que o outro pode não gostar. Não queremos correr o risco do outro deixar de gostar da gente. Não gostamos de falar de assuntos que podem causar confusão. Aquilo que pode desestabilizar a falsa harmonia dos grupos. Verdades ocultas que, vindo à tona, podem trazer desconforto nos relacionamentos acomodados e acostumados a não questionarem os porquês. Não gostamos de falar sobre tudo aquilo que nos traz tristeza. Não gostamos de falar da morte. Não gostamos de falar sobre coisas que, pensamos, podem nos trazer azar

Amor de avós "estraga" a criança?

Um dos comentários que sempre se ouve nas famílias é sobre os mimos que fazem os avós ao seus netos. Tem coisa melhor do que casa de avós? Tem coisa melhor do que a expectativa de ir à casa dos avós ou sair com eles? Só quem não conviveu com seus avós é que não sabe como isso é bom. Como essa convivência faz bem para a criança, quando ainda é criança, e para a criança que nós temos dentro de nós. Eu, como muitos dos que vieram para Brasília quando crianças, deixei para trás minha cidade natal, onde moravam os meus avós. A oportunidade que eu tive de conviver com eles era quando, nas férias, nós os visitávamos. Eu me lembro bem da casa de esquina numa rua da qual não sei o nome, em minha cidade natal, Catanduva, no interior de São Paulo. Meu avô ficava sentado no alpendre, um tipo de varanda daquela região, que não sei se ainda se constroem. Da calçada, subíamos alguns degraus e adentrávamos ao alpendre, antes da porta principal da casa. Era lá o local onde as pessoas chegavam e sentava

Existem pessoas que amam demais?

Há pessoas que amam muito. Não são pessoas que amam demais... O amor nunca é demais! O amor que se dá deveria ir e voltar. Quem recebe amor deveria amar muito também. Mas há pessoas que não sabem amar... Há pessoas que não sabem receber amor! São pessoas que, quanto mais recebem, Mais elas querem receber. São pessoas que, quanto mais são amadas, Menos querem dar, Menos querem amar. O amor não nasce só na espontaneidade. Amor nasce na intenção. Nasce da vontade de amar. O amor nasce na mente e no coração. Eu diria, então, Que não existem pessoas que amam demais. Existem, sim, pessoas que não sabem ser amadas. E existem outras pessoas que não sabem amar. E ainda há aquelas que, mesmo sabendo, não querem amar. Mas há, sim, aquelas que escolhem a pessoa errada para amar!

UM ANO DE VIDA!

Hoje é dia de festa! Este Blog está completando hoje, dia 02 de setembro, o seu primeiro ano de existência! É tempo de comemorar, mas também é tempo de avaliar! A idéia deste blog começou a partir da minha experiência com grupos de terapia. Moreno, o criador do Psicodrama, trouxe ao campo da psicoterapia a possibilidade do compartilhar a si mesmo através da experiência em grupos. Iniciou com a arte: a arte cênica, o Teatro Espontâneo. No Teatro Espontâneo, que acontecia em um auditório, encenavam-se as peças da vida. Não havia script pré-estabelecido. Havia uma atriz, a Bárbara, que sempre desempenhava papéis “ingênuos, heróicos e românticos”: o sonho de todo homem para sua esposa. Não demorou e encontrou quem por ela se apaixonasse. George, um poeta, assíduo freqüentador do Teatro Espontâneo, com ela se casou. Tudo parecia que seria a realização de um sonho. Mas a convivência diária trouxe à tona a verdadeira personalidade de Bárbara, que não era nem tão meiga, nem tão angelical

O DIA EM QUE MEU IRMÃO SAIU DE CASA

As lembranças são meio nebulosas para mim. Lembro-me de uma cena: em meio a panfletos impressos no mimeógrafo a álcool, meu irmão mais velho, ansioso, andava de um lado para outro. Depois ele sumiu e nunca mais voltou. Voltou para Brasília, voltou para a vida fora da clandestinidade. Mas nunca mais voltou para a minha vida de adolescente. Ele era meu irmão mais velho; hoje eu sei que de velho não tinha nada. Mas para quem é irmã mais nova, oito anos mais nova, ele era como um herói. Brigava com outros rapazes, se algum mexia comigo, me levava ao cinema livre, quando os mais velhos não queriam assistir "filme de criança". Depois fiquei sabendo que ele não era só o meu herói. Ele foi herói da luta contra a ditadura. Ele foi herói do Brasil! Hoje faz quarenta anos que a UnB foi invadida! Não foi só a UnB que foi invadida. Os lares foram invadidos, a privacidade das pessoas foi invadida. A minha alma foi invadida e de lá arrancaram a alegria, a inocência e a esperança. Ficou uma

ALMAS GEMEAS

Um dos desejos mais freqüentes e universais é a busca do encontrar a “Alma Gêmea”. Não faltam livros escritos sobre o assunto. É um desejo que está arraigado no inconsciente das pessoas. Há pessoas que acreditam realmente que as almas percorrem várias vidas e reencontram sua alma gêmea. Até já houve uma novela com este argumento. Mas a grande maioria, mesmo sem ter consciência, procura alguém que preencha totalmente todos os requisitos em relação aos seus gostos, preferências, costumes, crenças, raça, lazer, objetivos de vida etc. De fato, é muito mais fácil conviver com pessoas com quem nos identificamos. Um atleta, por exemplo, teria, em princípio, dificuldades em conviver com uma pessoa que detestasse esportes. Uma pessoa muito religiosa teria dificuldades em conviver com um agnóstico. Pessoas muito apegadas a sua própria religião, se pertencerem a grupos religiosos diferentes, teriam dificuldades também de convivência em comum. Uma pessoa que não dispense semanalmente o churrasco r

CICLO JUNGUIANO DE PALESTRAS

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SETEMBRO Mesa Redonda O FENÔMENO RELIGIOSO NA SOCIEDADE PÓS-MODERNA Palestrantes: Itamar R. Paulino e Moacir Rodrigues dos Santos Moderadora: Dulcinéa Ramos Cassis Data: 20.09.2008 <> 09:30-12:00 ITAMAR RODRIGUES PAULINO - LP 9601707/ DEMEC - MG - Graduado em Pedagogia - Graduado em Filosofia - Graduado em Teologia - Mestre em Filosofia MOACIR RODRIGUES DOS SANTOS - CRP 01/0220 - Especialista em Psicologia Clínica - Graduado em Teologia - Pós-graduado em Psicologia Superior - Psicoterapeuta didata pela SOBRAP - Professor de psicologia do UniCEUB OUTUBRO Tema: O DIÁLOGO MÍTICO ENTRE O ORIENTE E O OCIDENTE Palestrantes: Vitor Borges e Itamar Paulino Moderadora: Dulcinéa Ramos Cassis Data: 18.10.2008 <> 09:30-12:00 NOVEMBRO Tema: PSICOLOGIA DO ENVELHECER Palestrantes: Vera Lúcia Amaral da Silveira e Moacir Rodrigues dos Santos Moderador: Itamar Paulino Data: 22.11.2008 <> 09:30-12:00 DEZEMBRO Tema: UM OLHAR SOBRE AS IDÉIAS DE SCHOPENHAUER NA PSICOLOGI

VELHAS ÁRVORES

Existe uma tendência no mundo ocidental para a competitividade, para a novidade, para a renovação. O mundo consumista nos leva a trocar as coisas velhas pelas novas. Não se pode usar um sapato velho, mesmo que seja o mais confortável. Não se pode continuar usando aquela roupa preferida, que sempre gostamos de usar, que parece até que já se moldou ao nosso corpo. Não se pode guardar aquela xícara antiga, herança da nossa avó. Tudo isso é execrado pela sociedade de consumo, que incentiva a sempre trocar o velho pelo novo, para obviamente vender novas mercadorias. Nada contra isso, pois a movimentação do mercado leva à criação de novas oportunidades de trabalho. O problema é quando a tendência à renovação de material de consumo se estende para as pessoas, para o conhecimento, para a tradição. Não queremos mais o velho. A palavra “velho” passou a ser palavra feia. Eu não acho: “velho”, para mim, é palavra bonita. É palavra que lembra coisa querida. É palavra que lembra carinho, conforto. É

NÃO DÁ PRA COLHER ABACAXI EM BANANEIRA

Foi uma luta suada. Literalmente suada! De quimono azul, o brasileiro lutava com todas as suas forças para conquistar um lugar na final. Lutou muito, mas não conseguiu chegar lá. Eduardo Santos deu adeus ao sonho da medalha olímpica. O que mais me chamou a atenção não foi a luta corporal do atleta. Foi a sua luta interna entre o tentar e o não conseguir agradar aos pais. Foi a reação do atleta, demonstrada em sua fala. Era uma fala inconformada, triste, onde pedia perdão aos pais por não ter conseguido conquistar a medalha. Longe de querer analisar os motivos desse comportamento e sentimento, peço licença para utilizar esse exemplo para abordar um tema delicado: a expectativa que muitos pais têm no sucesso do filho e a necessidade correspondida dos filhos atenderem à expectativa dos pais. Outro dia, em uma palestra sobre relacionamento entre pais e filhos, a preletora fez a pergunta: Quais os motivos de conflitos nas relações entre pais e filhos? Fiquei pensando sobre o que eu poderia

DIA DOS “PÃES”

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Lembro-me de uma cena que aconteceu em minha família. Tenho dois filhos, um menino e uma menina, hoje adultos, mas quando o fato ocorreu, tinham cinco e três anos, respectivamente. Em meio às brincadeiras de criança, os dois disputavam entre si uma boneca. O brinquedo era da menina, que ganhara da avó. Não era uma boneca qualquer, era um bebê daqueles que parecem de verdade, de tamanho real. O pai, como a grande maioria dos homens naquela época, ainda trazia as influências de um antigo modelo educacional. Não gostou muito da idéia de ver o filho "brincando de boneca" e logo advertiu: "boneca é brinquedo de menina". O garoto nem pensou muito e respondeu de imediato: "mas pai, quando eu era pequeno, você também cuidava de mim". Apesar das palavras, mesmo sem perceber, o pai passara para o filho um modelo de pai amoroso e cuidador. Gosto destes tempos, em que os homens podem, finalmente, demonstrar todo o afeto que têm. Já vai longe o tempo do "homem nã

VERDADEIROS CAMPEÕES

Ninguém gosta de perder. O atleta não quer perder a competição. No trabalho, não queremos perder nossa posição. Não queremos que nosso candidato perca as eleições, nem que o nosso time perca o campeonato. Nos Jogos Olímpicos, não queremos que os atletas brasileiros percam as competições; na Fórmula 1, não queremos que os brasileiros percam a corrida; na Copa do Mundo, não queremos que o Brasil perca nenhuma das partidas. Ele precisa ser sempre o campeão! Desejamos que os nossos filhos tenham sucesso. Desejamos nos realizar através deles. Desejamos nos realizar através de todos os nossos ídolos; por isso não queremos que eles percam. Não queremos perder pessoas queridas, não queremos perder objetos de valor afetivo, não queremos perder dinheiro e propriedades. Todos nós, em maior ou menor grau, somos apegados. Podemos ser apegados às pessoas, aos bens materiais, às idéias, às preferências, à nossa produção artística ou intelectual, aos nossos costumes, ao nosso espaço... e aí vai a list

CICLO DE JUNGUIANO DE PALESTRAS 2008/2

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Tema: ALQUIMIA NA VISÃO DA PSICOLOGIA PROFUNDA Palestrante: Moacir Rodrigues dos Santos* Data: 16.08.2008 (sábado) 09:30-12:00 * Psicológo, Especialista em Psicologia Clínica, Graduado em Teologia, Pós-graduado em Psicologia Superior, Psicoterapeuta didata pela SOBRAP, Professor de psicologia do UniCEUB SETEMBRO Tema: O FENÔMENO RELIGIOSO NA SOCIEDADE PÓS-MODERNA Palestrantes: Itamar Paulino e Moacir Rodrigues dos Santos Moderadora: Dulcinéa Ramos Cassis Data: 20.09.2008 <> 09:30-12:00 OUTUBRO Tema: O DIÁLOGO MÍTICO ENTRE O ORIENTE E O OCIDENTE Palestrantes: Vitor Borges e Itamar Paulino Moderadora: Dulcinéa Ramos Cassis Data: 18.10.2008 <> 09:30-12:00 NOVEMBRO Tema: PSICOLOGIA DO ENVELHECER Palestrantes: Vera Lúcia Amaral da Silveira e Moacir Rodrigues dos Santos Moderador: Itamar Paulino Data: 22.11.2008 <> 09:30-12:00 DEZEMBRO Tema: UM OLHAR SOBRE AS IDÉIAS DE SCHOPENHAUER NA PSICOLOGIA PROFUNDA Palestrante: Itamar Paulino Data: 06.12.2008

O MERGULHO NO ASFALTO

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Essa história, que faz parte da nossa história de Brasília, quem me contou foi meu amigo Moacir, leitor do Blog. Ao ler as crônicas que escrevi sobre Brasília, As esquinas de Brasília e O Frio de Brasília , ele lembrou daqueles tempos, quando tudo começou por aqui. Era o ano de 1958. Brasília era poeira por todos os lados, onde começavam a nascer prédios construídos com cimento à vontade, que despontavam da terra vermelha, como os primeiros dentinhos de leite de criança. O fato aconteceu no Núcleo Bandeirante, que no início era Cidade Livre. Eu, que morava na 114 sul e raramente saia de lá, ouvia falar de uma tal cidade livre e ficava imaginando como seria. Diziam que lá podia construir do jeito que quisesse e não precisava ser tudo certinho como a superquadra onde eu morava. Ninguém precisava pagar impostos, nem precisava de alvará para abrir um novo negócio. Eu ficava imaginando, quando ouvia falar, como seria morar numa "cidade livre". Eu viajava em minhas fantasias infan

QUANDO O SOL SE PÕE...

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Quando o sol se põe em nosso horizonte, ele está nascendo em outro lugar. Se ficarmos parados, o nosso sol vai embora e demora para voltar. Para vê-lo retornar é preciso girar 180 graus. Mas se quisermos sempre andar na luz do sol... precisamos sair do lugar.