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PISCA-PISCA

E agora, já é Natal! Os shoppings já estão enfeitados, as vitrines lotadas com novos artigos! Já começamos a receber os cartões de Natal virtuais, agora sem a preocupação de atrasos do correio tradicional. Outro dia estive numa agencia de correios... Não, não era para enviar cartas, nem cartões! Foi para pagar uma conta. Evitando enfrentar fila de banco, lá fui eu, no correio, que agora também é Banco. Havia um tempo em que, para se pagar uma conta, era preciso enfrentar as filas de banco. Nada de internet, nem ao menos débito automático. O computador dos bancos era central. Era uma máquina enorme, o tal do grande porte, que de grande só tinha o hardware, pois qualquer smarthphone moderno parece ser mais poderoso do que aqueles elefantes de antigamente. Havia um tempo em que para se enviar cartas, era preciso escrevê-las e postá-las no correio. Hoje, quando falamos em postar, estamos falando em blog, em twiter, em Facebook... Atualmente nem e-mail é novidade... Agora já virou rede

A FRANCISCANA

Na fila do banheiro no aeroporto, à minha frente, estava uma freira. Eu, mesmo não sendo católica, achei que aquela seria uma freira da Ordem Franciscana. Eu já vira as fotos do santo que deu origem à ordem. Nos pés, calçava sandálias. As dela não eram daquelas, modelo da marca Franciscano. Aquela moça, vestida com um hábito marrom, um grosso cordão na cintura, com a cabeça coberta por um pesado véu da mesma cor, não calçava sandálias franciscanas. Tinha nos pés as legitimas sandálias Havaianas. Talvez São Francisco, pensei, se vivesse hoje, também escolheria as havaianas. Aquela moça, a freira franciscana, levava somente uma mochila. Uma mochila simples, de tecido, artesanal. Eu, que viajava para um fim de semana prolongado na praia, havia planejado cuidadosamente a minha bagagem. Queria levar o mínimo possível, para não ter trabalho. Já houve um tempo em que eu, mesmo para descansar, levava tanta coisa que, afinal, tinha um trabalhão para arrumar, desarrumar a mala, para despac

CORA CORALINA, UMA MULHER QUE TRAIU A TRADIÇÃO

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Escrevo estas linhas, em minha visita à cidade de Goiás, a cidade de Cora Coralina. Aninha, seu nome de família, nasceu no século XIX, numa casa à beira do Rio Vermelho. Desde menina, escrevia. Cursou apenas três anos da escola primária, e muitos anos na escola da vida. Ana, como todas as mulheres daquele tempo de antigamente, não escolhia muito se haveria ou não de casar. Era o costume seguir a vontade dos pais. No caso dela, que perdeu o pai quando  ainda era bebê, não sei como foi. Talvez o fato possa  ter sido bom para que ela fosse o que foi. Ela escreve que não se achava bonita. Mas até que, lá pelos seus vinte anos, foi viver em São Paulo, com um advogado que, por ser separado, não podia se casar. Só se casaram bem mais tarde, quando ele ficou viúvo e já tinham alguns filhos. Ana, que já gostava de ler e escrever, saiu de sua terra, traiu suas tradições. Onde já se viu uma moça daquele tempo e daquela terra, ir morar com um homem sem ter se casado... Em São Paulo, foi guer

VISITANDO GOIÁS!

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E ai eu fui visitar  "o Goiás"! Goiás Velho, como ainda se chama. A antiga capital de Goiás! Tão pertinho de Brasília... Porque não ir até lá? Pego um ônibus até Goiânia, de lá, outro para Goiás! Viajei quase um dia... Ainda perco o medo de dirigir em estradas... Chegando aqui, surpresas!!! Que cidade linda e charmosa! Casas antigas, ruas de pedra, um rio cortando a cidade! Tem muita igreja e árvores. Tem cheiro de mato! Tem gosto de gente! Agora entendo porque, depois de tantos anos, a Aninha voltou!

VIAJANDO SÓ!

E dá mesmo para viajar sozinha? Essa foi a pergunta que me fez a Tininha, minha amiga de infância, após ler a minha última crônica. Há alguns meses ela havia me convidado para viajarmos juntas, já que tiraria férias e o marido não poderia acompanhá-la. Como ela, muitas mulheres sentem às vezes a necessidade e/ou o desejo de viajarem, mas acabam desistindo, pela dificuldade de viajarem só. Sempre buscam algum lugar onde se visite um amigo ou parente, pela preocupação de viajar sem companhia. Outro dia, navegando pela internet em sites de viagens, encontrei um artigo com dicas para mulheres que desejem viajar sozinhas. Há países de tradição árabe, por exemplo, onde não é aconselhado ir sozinha, desacompanhada. Mas, no restante do mundo, é possível, sim, viajar só. Fazia tempo que eu não viajava só. Mas outro dia, no Rio de Janeiro, encontrei a minha amiga Solange, que me acolheu em seu bem decorado apartamento de frente para a Lagoa Rodrigo de Freitas. Solange não fica em casa por fal

POR VERDES MARES...

Enquanto o catamarã se afastava da costa da cidade de Salvador rumo a Morro de São Paulo, alguns passageiros disputavam um lugar na popa para fotografar e filmar a bela paisagem. Foi naquele momento em que eu me lembrei que não havia levado a minha câmera digital.  Eu havia escolhido um lugar  para admirar a bela paisagem. Eu viajava só! Eu queria estar só!  Estar só para muitos é um desafio. Conheço pessoas que não viajam por falta de companhia. Não sabem o quanto estão perdendo. Viajar só é, muitas vezes, viajar acompanhado de todo o mundo. Viajando só, viajamos para lugares desconhecidos fora e dentro da gente. Viajar só é uma oportunidade para refletir sobre si mesmo. A nau rasgava as águas do mar, que sangravam em brancas ondas espumantes. Eu viajava pelo mar e pelos meus pensamentos.  Por alguns instantes, senti pena de ter esquecido a máquina. Lembrei então que eu tinha outra forma de registrar aquele momento. Podemos fotografar com a nossa alma! Concentrei-me naquele mome

GENTE DA TERRA, GENTE DO MAR

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Eu já estava caminhando há mais de uma hora. A praia era linda e, àquela hora, deserta. Acordara cedo, o dia já clareara, o sol já aquecia e bronzeava a minha pele, clara e sensível pelo longo tempo sem tomar sol. Fazia muito tempo que eu não visitava uma praia tão gostosa! O mar era calmo! A areia grossa permitia ao mar apresentar-se límpido e transparente aos nossos pés e infinitamente azul ao horizonte. Permitia que, nas piscinas formadas pelos corais, visualizássemos, sem mergulho, lindos peixes coloridos que nos saudavam em cardumes à espera de alimento. Eu estava em Morro de São Paulo, uma praia ilhada na Bahia, pertinho de Salvador. O lugar ainda é agreste, ainda há praias desertas, quase virgens. Naquele trecho, final da quarta praia, eu já avistava o meu objetivo. Queria chegar até a quinta praia, da qual haviam me falado. Naquelas paragens sutis, avistei ao longe uma mulher que se ocupava em arrumar o seu espaço. Mais do que um espaço comercial para vender as iguarias

SAUDADES....

O dia amanheceu nublado! Um feriado diferente. Um feriado em que nada se comemora. Mas um dia de se recolher, de meditar, de refletir! Não um dia para apenas chorar pelos nossos mortos, mas um dia para relembrar a sua vida! Um dia para refletir sobre a nossa própria vida! As minhas primeiras lembranças e contato com a morte, remetem-me à casa dos meus avós, em Catanduva, no interior do estado de São Paulo. Eles moravam numa casa de esquina, na rua do cemitério. Na rua em que passava o cortejo fúnebre. Na rua em que passava o caixão e todos os familiares e amigos acompanhavam a pé. Não sei se lá ainda acontece assim, mas no meu tempo de criança, quando eu  passava as férias por lá, lembro que o costume era velar os mortos em sua própria casa. Vizinhos, parentes e amigos, todos passavam a última noite velando o morto. O verbo velar tem dois sentidos. Um, originário de véu: colocar véu, encobrir. Existem fatos velados , por exemplo. Algo que se tenta encobrir, mas que transparece, poi

VOTE NO "CÃO DIDATA"

Esta crônica foi escrita em 1994, na época das eleições. Como não tive oportunidade antes e, considerando que o seu teor continua atualizado, publico agora no blog. Boa leitura! Uma das experiências mais interessantres que tenho tido nos últimos anos é a criação desse excepcional animal doméstico: o cão. Tendo o seu nome utilizado algumas vezes, injustamente, é claro, para denegrir a imagem de alguma pessoa "non grata", esse animal, o cachorro, vem ganhando o meu respeito. Hulk, um cão boxer, nasceu em Aracaju, Sergipe. Aos três meses de idade, fez a sua primeira viagem aérea (digo primeira, porque todo político costuma fazer inúmeras delas). Pouco preocupado com os familiares que deixou no nordeste, logo acostumou-se às regalias do Planalto. Certo dia, procuramos Hulk por toda a casa. Parecia que havia sumido. Qual não foi a nossa surpresa, quando, surpreendido pela inquietação de toda a família ao seu encalço, Hulk esticou o pescoço, colocando a cabeça  para fora...

O CASAQUINHO DE TRICÔ

Naquele sábado, como todos os sábados, era dia de almoço de família. Logo que cheguei, avistei, nas hábeis mãos de minha mãe, um casaquinho. Um casaquinho de tricô! Um casaquinho de lã cor-de-rosa! Não era um casaquinho de lã cor-de-rosa qualquer. Aquele era um casaquinho especial! Era o casaquinho mais lindo eu já vira. Ele parecia tão fofinho e aconchegante, muito mais do que qualquer casaquinho cor-de-rosa. Fazia tempo que eu não via minha mãe fazendo casaquinho de neném. O primeiro casaquinho de tricô que minha mãe fez, eu me lembro muito bem. Foi um casaquinho amarelo. Foi um casaquinho para o meu primeiro filho. Para mim, a maternidade era novidade. Mas, para ela, ser avó já não era novidade. Mas eu sabia que, para ela, aquele neto ou neta que chegaria seria especial: era o primeiro filho de uma de suas filhas. Mulher tem mesmo dessas coisas: nós, mulheres, temos uma cumplicidade feminina com nossas filhas. Aprendemos a ser mães com nossas mães e também queremos ensin

YOLANDA! Exemplo de fé, coragem e amor!

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“ Um Pendão Real, vos entregou o Rei, Senhor dos Altos Céus!” Esse é o hino que minha mãe Yolanda mais citava quando nos contava a história de como toda a sua família passou a frequentar a Igreja.  “ Corajosos, firmes!” Essa sempre foi a marca de Dona Yolanda!     Lembro-me um dia, quando eu, menina, chorava porque pensava ter sido picada por um barbeiro. Ela tranquilamente me falou: “- Néa, o barbeiro transmite uma doença em que a pessoa pode morrer a qualquer momento. Mas todos nós estamos sujeitos a morrer a qualquer momento, até, às vezes, atravessando uma rua...”. Essa cena ficou marcada em minha lembrança de criança. Passei a pensar e enfrentar a possibilidade da morte, sabendo que essa decisão não é nossa, mas de nosso Pai Celeste. Passei a saber que cada minuto de nossa vida é precioso. Que a vida deve ser vivida em sua plenitude, pois cada dia pode ser o último de nossa existência aqui na Terra. Essa foi a grande lição que, para mim, ela nos ensi

HOJE É DIA DAS MÃES! e "eu não estou nem aí..."

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Hoje é dia das mães e eu "não estou nem aí"! Acordei com preguiça, mas com vontade de escrever. "Não estou nem aí" se você não está com vontade de ler. Não arrumei a cama, só fiz meu café. Passei bastante manteiga no pão, deixei a louça para alguém lavar amanhã. Minha filha vai passar o dia comigo, e o filho, que mora em Sampa, vai lembrar de me telefonar. Vou almoçar feijoada na casa da minha irmã. Vou levar um Boticário para a minha mãe. Vou à igreja e lá vai ter homenagem, como todos os anos tem. Mas não estou mais nem aí, para essas coisas. Vou ganhar presente, mas nem precisa. O que eu queria já ganhei. Sou mãe! Sou mãe porque meus filhos me fizeram mãe! E são eles que merecem hoje a minha homenagem. Não estou nem aí, se você quer ouvir hoje as minhas "corujices". Mas eu vou contar assim mesmo. Afinal, hoje é meu dia, o dia das mães! E "eu não estou nem aí" para o que os outros vão pensar ou deixar de pensar de mim. A

A VIRADA DA VIDA

A VIRADA DA VIDA Tita, 50 anos Menina de sete anos: feliz, bonita, faceira... É apenas este, o trecho de que me lembro de uma das poesias que Dona Maria Aldina me fazia recitar no Ginásio, que naquele tempo era Moderno. Era uma poesia em homenagem ao sétimo aniversário de Brasília. Era o ano de 1967. Foi o ano em que aqui chegou, também aos sete anos, uma menina feliz, bonita e faceira... Ela chegou saltitante, sempre muito viva, alegre e curiosa... inteligente, como sempre foi! De curtos cabelos lisos. Os olhos, duas bolitas bem vivas, naquele rostinho rechonchudo. Caçula de quatro filhos. A mãe, pedagoga, o pai, deputado, do Rio Grande do Sul. Tita, como lhe chamam os seus, cresceu em Brasília e com Brasília, correndo e brincando nos jardins da 114 sul. Era amiga da Marcinha, minha irmã, com quem brincava e brigava... e lá ia eu apaziguar as duas, até hoje sempre amigas. Tita cresceu e se fez mulher! Independente, escolheu ser professora,

"COMER E COÇAR, É SÓ COMEÇAR..."

Desde que me entendo por gente, eu ouvia minha mãe falando esse ditado. Era nas horas das refeições, quando um de nós não queria comer... aí ela falava: "Comer e coçar, é só começar"... Parece que deu certo, pois atualmente ela não tem nenhum filho ou filha que sejam magros.... todos aprenderam a lição! Agora, o tal ditado é usado para o seu efeito contrário: se comer e coçar é só começar, para fazer dieta, ficará mais fácil evitar o primeiro pedaço daquilo que não podemos comer... Mas no decorrer da vida aprendi que a fórmula serve também para outras atividades. Falar, por exemplo. Há pessoas que são muito introvertidas e têm dificuldade em se abrir. Quando ousam experimentar a falar sobre si, perdem o medo e, sentindo-se bem melhores, passam a abrir-se mais, falar mais sobre si e ampliar sua rede de relacionamentos. A regra também serve para gastar ou economizar. Quando se começa a gastar mais do que se pode, a pessoa começa a enrolar-se em dívidas e depois fica difícil

O VAZIO QUE FICOU...

O vazio que ficou lhe fez companhia! Depois de uma separação ou morte de uma pessoa querida, a sensação que me relatam é de um vazio. Fica um vazio na vida daquela pessoa. As atividades que faziam juntos tornam-se um pesadelo, pela ausência do outro. Tudo lembra aquela presença. Tudo o faz reportar àqueles momentos de outrora felicidade. Mesmo que seja uma felicidade do tipo: "eu era feliz e não sabia", quem fica só, ressente-se da ausência do outro. Mesmo que não tenha sido um relacionamento dos que se pode dizer que são felizes, a ausência do outro deixa um vazio. A falta da companhia é sentida. Não só dos momentos bons, daqueles momentos em que, só de olhar um para o outro, ou só de ficar perto, mesmo em silêncio, se tem a certeza de que se é amado. Se tem a plena certeza de que, mesmo sabendo que essa vida é finita e os relacionamentos não são eternos, sempre terão um ao outro. Dos momentos ruins, também a falta é sentida. Fica o vazio de não ter com quem brigar, de

FINALMENTE, SÓ!

Depois de tantos anos de convivência... Dormindo juntos na mesma cama, fazendo juntos as refeições. Assistindo juntos os mesmos filmes, conversando juntos sobre os mesmos assuntos. Escolhendo juntos os mesmos programas, encontrando juntos os mesmos amigos. Gostando juntos do mesmo sexo! Um dia, o que era junto se separou. Quem dormia junto, já não dorme mais. Os almoços e jantares passaram a ser separados. Os amigos em comum já não encontravam mais. O cinema agora era separado. Cada um na sua casa. Cada um no seu espaço. Cada um na sua... No início, das sobras do amor, sobrou a lembrança. Ficou o vazio e a saudade. Ficou a vontade de rever, mas também o medo de voltar a ser o que já não era mais. Sobrou a sobra da pipoca do filme que não assistiu. Sobrou a falta do amigo em comum. Sobrou a saudade do que já deixara de existir antes de acabar o restinho do que ainda havia. Quase um ano depois, pela primeira vez, começa a sentir-se só... Até então, o vazio que ficara lhe fize

LIMÃO OU LIMONADA?

Ligar a TV hoje em dia é ouvir notícias sobre os desabamentos e outras consequências de desastres naturais . Vemos as imagens de pessoas se afogando, de casas sendo levadas, de pessoas que morrem, de consequências de terremotos. A televisão abre as portas de nossa casa, trazendo notícias de outros que sofrem, trazendo sua angústia, seu desespero. Fico sensibilizada, especialmente ao ouvir pessoas humildes com falas conformadas. Alguns se desesperam, mas há aqueles que dizem: “fazer o que? Estamos com vida, vamos construir tudo outra vez!” Há momentos na vida em que nos sentimos desesperançosos! Pode ser uma doença grave, a morte de uma pessoa querida ou uma grande perda financeira. Às vezes, a descoberta de uma traição no casamento. Ou, o que dói muito, a dor de um filho. Descobrir que um filho está fazendo uso de drogas, ou até mesmo ser chamado pela escola do filho porque ele vai mal nos estudos, é tristeza certa. Outras vezes, o rompimento de uma relação amorosa ou a perda d