OÁSIS PARA A ALMA




Em meio ao burburinho de comerciantes e ambulantes disputando espaços e fregueses, gritos e produtos… entre sacoleiras se esbarrando, tropeçando trôpegas nas calçadas descalçadas, entre ruas esburacadas e mal cuidadas… escondida entre armarinhos, lojas de tem-tudo, bancas e semáforos… surge um portal com um nome…

Um nome de Santa! Um nome de Mãe! Um nome que acolhe, que abriga: Nossa Senhora!

Quem chega, logo acende uma vela! É o costume dessa Igreja,  Ortodoxa. Eu pouco conhecia e sabia sobre ela… mas há muito que ela me chamava, mal sabia eu, através do meu gosto pelos ritos antigos, pelo gostar de incenso e dos cantos sacros.

Fui buscar, num certo tempo, no budismo, esse meu gosto, mas não foi lá que me encontrei. Nem tão pouco na Igreja Católica Romana! 

Para mim, o verdadeiro templo espiritual, é o o nosso templo interior. O Self, o lugar do Sagrado dentro de nós. Cada um vivencia de uma forma própria, de acordo com as suas experiências de vida, de família, de infância. Na Igreja protestante tradicional, onde fui criada, sempre gostei dos hinos tradicionais. Eles me remetiam à minha infância e adolescência, época em que me apeguei muito à religiosidade. A melhor congregação, na minha opinião, é aquela em que nos sentimos bem, aquela em que nos sentimos fazendo parte do grupo, em que nos sentimos amados e acolhidos.

Mas na minha busca, sempre senti que algo me puxava para mais longe, lá para o oriente, para aquelas bandas de lá… onde Jesus nasceu e de onde vieram os meus avós! Foi de lá também que veio essa Igreja, que fiquei conhecendo outro dia, nessa minha visita a São Paulo, cidade que leva o nome de um dos santos que fundou essa igreja na cidade de Antioquia, que era antes na Síria, o país da minha avó Zahia! Uma Igreja que mantém a simplicidade do Cristianismo original, fraterno, ritual!

Já bem velhinho, foi que meu pai contou-me de suas lembranças. Ele foi batizado na Igreja Ortodoxa. Lembrava-se do cheiro do incenso, do ritual. Deve ser por isso que eu  me senti tão bem naquela missa. 

Um oásis para a alma, em meio a tanto tumulto comercial!

Uma parada sempre necessária em nossa vida!

Para mim, esse é um dos  papeis da Igreja em nossas vidas: não para nos fazer trabalhar, mas para nos fazer PARAR DE TRABALHAR! Para nos obrigar a DES CANSAR! Nossos CORPOS e nossas MENTES!

Um dia, uma hora para esquecer problemas, esquecer tudo e só SENTIR.

O incenso e a música sacra nos ajudam a entrar em contato com as sensações e estimular hemisférios cerebrais ligados à espiritualidade. Forma-se uma egrégora, que nos envolve, nos hipnotiza diante de Deus, diante do Sagrado que habita em nós!

A Eucaristia nos lembra a dádiva maior de Deus, o Seu Grande Amor por nós. O repartir do Pão, a preocupação e o cuidado. "O pão nosso de cada dia"… Ao final, o pão da missa é distribuídos aos presentes.

Saí alimentada!
Saí de lá nutrida!
Minha alma preenchida!
Mais do que pão para o corpo, pão para a alma!


Escrevi esta crônica quando visitei a primeira Igreja Ortodoxa do Brasil, que fica na Rua Basílio Jafet, no centro de São Paulo. O pároco é o Padre Ibrahin, egípcio, que pintou alguns dos novos ícones da Igreja. Visitei também a Catedral que fica ao lado da estação Paraíso do Metrô. Em Brasília a Igreja fica na QI 9, no Lago Sul. é uma Igreja rica em simbologias, ritualistica,  que conserva o Cristianismo original, fraternal.  Ao contrário do que se pensa, não é a "igreja dos árabes",  a maioria é de brasileiros que hoje se identificam e são bem recebidos! Vale a pena conhecer!


Para saber mais sobre a Igreja Católica Apostólica Ortodoxa de Antioquia:
http://www.catedralortodoxa.com.br
http://www.ecclesia.com.br
http://ortodoxia-psaltis.blogspot.com.br
Igreja Ortodoxa em Brasília

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