CASA DO LAGO, REFLETINDO, NAS AGUAS DOURADAS, A ALMA DA GENTE
A minha história desse magnífico final de semana começou
quando eu inventei de investigar sobre a história da família Cassis, da migração, e da sua relação com o sacerdócio na Igreja Ortodoxa, já que Cassis, não é necessariamente, um sobrenome, mas significa que houve na família algum sacerdote. Fomos criados em
Brasília, longe da família do meu pai,
que é toda do estado de São Paulo. Depois que ele se foi, com a abertura
do Zahia e posteriormente com a minha aproximação da Igreja Ortodoxa e da comunidade
árabe, veio a curiosidade de investigar mais sobre as minhas raízes árabes,
sobre a história da migração.
E foi aí que descobri a Diva Nassar, filha da tia
Chafika Cassis, que era irmã do meu avô Miguel Nassif Cassis e, fiquei
sabendo, também prima e muito amiga da minha avó Zahia.
E que descoberta... é ela, a Diva, a proprietária da Casa do Lago,
que fica na região sudoeste do estado de São Paulo. Para a minha alegria, ela estava durante a semana em São
Paulo e fui visita-la na casa de sua irmã mais velha, a Violeta. Lembrei
daquela casa na Vila Madalena. Fui lá quando criança, que nas minhas lembranças
infantis era um casarão, que me impressionara pela suntuosidade e pela
amorosidade da receptividade das primas. Eu tinha nove anos, mas lembrava-me do corrimão dourado da escada, dos deliciosos
doces servidos e da cabecinha branca da matriarca.
O papo alegre naquele almoço de terça-feira tornou-se numa
gostosa identificação, pelas históricas raízes gastronômicas da família. Do gosto pela culinária, do jeito de receber os clientes, até às dificuldades enfrentadas, como todas nós empresárias enfrentamos, percebi naquele bate-papo informal que aquele encontro não ficaria por ali…
gostosa identificação, pelas históricas raízes gastronômicas da família. Do gosto pela culinária, do jeito de receber os clientes, até às dificuldades enfrentadas, como todas nós empresárias enfrentamos, percebi naquele bate-papo informal que aquele encontro não ficaria por ali…
Não preciso dizer mais nada… fui parar no feriadão da Semana Santa naquele pedaço
de paraíso …
História da Diva, história do campo, que é a história da
vida de gente como a gente! De gente que vive e sofre, e guarda as lembranças
das músicas e dos filmes, das histórias que a vida nos faz viver: "eu sou do
tempo do ban-daid no calcanhar, do whisky com guaraná", ela fala, fazendo questão de
oferecer seus drinks para os hospedes que, invariavelmente, acabam se tornando amigos e
acabam voltando, pois realmente adotam a Casa do Lago como a sua casa de campo!
Para mim foi uma agradabilíssima descoberta... fui buscar
raízes históricas. Confesso que não consegui descobri muitos dados concretos,
mas pude constatar uma coisa muita importante: nosso tempero, o autentico
tempero libanês, tradicional do sul do Libano permanece o mesmo.
É a tradição familiar
que passa de mãe para a filha, de sogra para a nora. A cebola dourada da
mjadra, a combinação de cebola com hortelã para o quibe e alho com canela para o charuto… segredos da cozinha libanesa. Só quem entende a fundo a cozinha árabe
consegue distinguir essa diferença. Não existe apenas uma cozinha árabe. Quibes, charutos e esfihas todos fazem, mas a autentica cozinha libanesa tem suas
peculiaridades na especificidade do tempero, de acordo com a região... e isso eu pude constatar nessa visita à Diva e à sua
requintada Casa do Lago.
Ambas as cozinhas tiveram em sua origem as matriarcas
Chafika e Zahia. Duas amigas e cunhadas... e ficávamos lá, eu e a Diva,
sentadas na mesa, estrategicamente posicionada ao canto, enquanto ela cuidadosa Chef, e proprietária, observava todos os detalhes do atendimento aos seus
seletos clientes, conversando sobre sabores e temperos.
E eu de vez em quando
viajava no tempo, imaginando que um dia, talvez, lá no passado, em Catanduva, minha avó Zahia e a tia Chafika, tomando café, sentadas à mesa trocavam
também suas receitas e comentavam sobre o preço da berinjela e do tomate e as
novidades e dificuldades de se encontrar os temperos para comprar…
Chegar na Casa do Lago e parar para conversar, para parar de pensar na
vida... para sentir o cheiro de mato, para sentir a brisa, para olhar o por de
sol refletindo no lago, para olhar o ceu estrelado em dia de lua nova …
A alma da gente pede …
A alma da gente precisa viver isso de vez em quando!
Porque num lugar como esse, a gente pode conhecer o mais importante que
existe, que é o mais íntimo da gente, quando se pára no tempo e nos permitimos
sentir!
O grupo é seleto, o papo é bom... aqui
ninguém se sente sozinho. A natureza acolhe a gente, a Diva nos acolhe e
todos nos acolhemos uns aos outros, numa intima comunhão de pessoas que se
fazem como velhos conhecidos, que talvez nunca mais venham a se encontrar. Mas
certamente ficará, na troca desse encontro de fim de semana, uma lembrança de
gosto de antigamente, de gosto da terra de gente que tinha tempo para parar o
tempo para as coisas essenciais da vida.
Esquecer que o relógio anda, que a
vida corre!
A natureza é santuário soberano, que nos leva ao nosso templo
interior! Leva-nos a entrar em contato com a preciosa essência divina, intima
nossa e do outro que está ali, diante de nós !
Obrigada Diva, por esse Encontro!
Muito Legal.
ResponderExcluirAbs, Beto