A FRANCISCANA
Na fila do banheiro no aeroporto, à minha frente, estava uma freira. Eu, mesmo não sendo católica, achei que aquela seria uma freira da Ordem Franciscana. Eu já vira as fotos do santo que deu origem à ordem. Nos pés, calçava sandálias. As dela não eram daquelas, modelo da marca Franciscano. Aquela moça, vestida com um hábito marrom, um grosso cordão na cintura, com a cabeça coberta por um pesado véu da mesma cor, não calçava sandálias franciscanas. Tinha nos pés as legitimas sandálias Havaianas. Talvez São Francisco, pensei, se vivesse hoje, também escolheria as havaianas. Aquela moça, a freira franciscana, levava somente uma mochila. Uma mochila simples, de tecido, artesanal. Eu, que viajava para um fim de semana prolongado na praia, havia planejado cuidadosamente a minha bagagem. Queria levar o mínimo possível, para não ter trabalho. Já houve um tempo em que eu, mesmo para descansar, levava tanta coisa que, afinal, tinha um trabalhão para arrumar, desarrumar a mala, para despac...